Mais do que o que se pode descrever, o filme traz o retrato da vida de alguém – coisa que parece simples, mas não é. “A excêntrica família de Antonia” mostra sutilezas da vida através de personagens intrigantes: a neta com inteligência acima do comum, a Madona que uiva todas as noites de lua cheia, o cético Dedo Torto, que vive rodeado de livros de Nietzsche e Schopenhauer. Todos eles e mais uma infinidade de outros igualmente interessantes vivem ao redor da agregadora matriarca Antonia, que a todos conduz com determinação e tranqüilidade.
O grande desafio do filme, que ganhou Oscar de melhor filme estrangeiro em 1996, é tornar o expectador parte da grande família de Antonia, fazendo parte de seus dramas e celebrando as alegrias com os personagens. Poucos filmes o fazem tão bem. Na literatura, é possível encontrar uma sósia de Antonia na personagem Penélope Keeling, de “Os catadores de conchas”, de Rosamunde Pilcher. É tão encantadora quanto, então vale a pena.
Apesar de contar histórias por vezes dramáticas, o filme passa longe do sentimentalismo que enjoa. Para Antonia e sua excêntrica família – consangüínea ou não -, o que importa mesmo é deixar a vida passar aos poucos, bem devagarinho, bem curtida. As dores, se vierem, se vão. A alegria é o que se guarda até o final. Tudo muito natural.

3 comentários:
vc escreve bem demais
Marocaaa....nunca nem soube desse blog!
Mas está aqui nos favoritos, viu???
BJãooo
Oi, Mari!
Bela síntese das belezas deste filme. Divulgado, no Brasil, "no rastro" do concorrente brasileiro ao Oscar, "O Quatrilho" (obra bem aquém, diga-se). Foi nesta época que vi e gostei muito de Antonia's Line.
Retroativamente: adorei o que escreveu sobre "A Bela e a Fera" de Coqueteau. Vi e senti o mesmo ao vê-lo na Sala Walter.
Um beijo!
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