terça-feira, 21 de julho de 2009

A excêntrica família de Antonia e o pouco de cada um de nós

Como uma vida em que se vê de tudo (ou quase), “A excêntrica família de Antonia”, filme de 1995 de Marleen Gorris, traz um pouco de cada coisa que se vê por aí misturado com o que se pode imaginar. A trama gira em torno da vida e da morte de Antonia, que vive numa estrutura extremamente feminina de campos férteis e mulheres esperançosas.

Mais do que o que se pode descrever, o filme traz o retrato da vida de alguém – coisa que parece simples, mas não é. “A excêntrica família de Antonia” mostra sutilezas da vida através de personagens intrigantes: a neta com inteligência acima do comum, a Madona que uiva todas as noites de lua cheia, o cético Dedo Torto, que vive rodeado de livros de Nietzsche e Schopenhauer. Todos eles e mais uma infinidade de outros igualmente interessantes vivem ao redor da agregadora matriarca Antonia, que a todos conduz com determinação e tranqüilidade.

O grande desafio do filme, que ganhou Oscar de melhor filme estrangeiro em 1996, é tornar o expectador parte da grande família de Antonia, fazendo parte de seus dramas e celebrando as alegrias com os personagens. Poucos filmes o fazem tão bem. Na literatura, é possível encontrar uma sósia de Antonia na personagem Penélope Keeling, de “Os catadores de conchas”, de Rosamunde Pilcher. É tão encantadora quanto, então vale a pena.

Apesar de contar histórias por vezes dramáticas, o filme passa longe do sentimentalismo que enjoa. Para Antonia e sua excêntrica família – consangüínea ou não -, o que importa mesmo é deixar a vida passar aos poucos, bem devagarinho, bem curtida. As dores, se vierem, se vão. A alegria é o que se guarda até o final. Tudo muito natural.