terça-feira, 18 de novembro de 2008

Romance: o meu, o seu e o de Guel Arraes

O cinema nacional tem salvação, eu vi. Depois de “Todas as mulheres do mundo”, de Domingos de Oliveira, ficou faltando para mim mais um nacional arrebatador, que carregasse consigo a mesma doçura. Encontrei em “Romance”, de Guel Arraes. É claro que foi preciso muita delicadeza para tratar da história de Tristão e Isolda, de Bédier, mas isso, Guel faz com sutilezas de olhares desviados, gestos mínimos. E lindamente.

Gosto da mistura entre teatro e cinema. Gosto do figurino. Gosto da metalinguagem que me lembrou um filme que amo: “A mulher do tenente francês” (1981), de Karel Reisz. Em “Romance”, tem cinema dentro do filme. Ainda mais: tem também algumas peças de teatro e uma história de amor como poucas: a de Tristão e Isolda, a que deu origem ao amor romântico (aqui vale ler “We”, de Robert Johnson, que fala da visão da psicologia da história deles).

“Romance” foge daquela reclamação usual no cinema nacional de que parece novela. Não parece. Parece um filme, mas ainda melhor: fiquei desejando mais quando chegou ao final. Bons cortes de imagem e a fotografia é bem bonita. Os atores estão bem. E o filme tem aquela leveza difícil de se conseguir, principalmente quando se propõe a falar de uma história tão conhecida, daquelas que mesmo quem nunca ouviu falar em Tristão e Isolda conhece, por conhecer o amor. Mas não é cheia de clichês. É ousada, e a graça está exatamente aí.

Depois li no blog do filme que Guel orientou Wagner Moura (o Tristão) a ter algumas referências. No meio delas, tem “Jules et Jim” (um dos meus favoritos do mundo inteiro) e, curiosa mas não absurdamente, “Todas as mulheres do mundo”. Ficou lindo. E tem no elenco Letícia Sabatella, Vladimir Brichta, Marco Nanini, Andréa Beltrão, Zé Wilker...eu adorei.

E é de matar quando Caetano começa a cantar “Nosso estranho amor”. Cinema é reconhecimento, não é? Então tá. Não costumo falar de filme assim, tão recente que ainda esteja no cinema, mas esse mereceu. Vão lá correndo descobrir por que.

5 comentários:

aini disse...

A Letícia é linda, Wagner Moura é orgulho, Marco Nanini é super! Uai... Tô querendo. Mais um pra lista desse mês.

Anônimo disse...

emidio@imip.org.br.Emidio:Guel Arraes é surpreendente em tudo o que faz.Como bem falou Mariana os comentários do blog dele são muito interessantes.Mostram uma base teórica e uma erudição que ,misturada com a sua criatividade, nos dá maravilhas como "ROMANCE".

Escrevendoespanando.blogspot disse...

Já fuí ver, e realmente encanta!
Passei a pensar na possibilidade de querer fazer teatro...

Camilla disse...

babie, nao esquece de me mandar uma cópia qndo sair. pleaaaase. :D

Escrevendoespanando.blogspot disse...

Olha é o tipo do filme que te feaz refletir se quer fazer teatro de verdade, pra sua vida inteira, foi assim que "rebateu" o romance em mim