terça-feira, 25 de novembro de 2008

A Bela, a Fera e o cinema do possível

Não é à toa que os filmes mais bonitos entram fácil na categoria fantasia. Aliás, são os que escapam da prateleira “Romance” – não coincidentemente, claro – os que oferecem as melhores doses de amor feliz. Não deve ser somente pelos personagens que não são humanos – assim eu, desconfiada, penso. Deve ser porque o amor bom demais tem mesmo que ir pra a classificação de “Fantasia”. Aí é que entra “A Bela e a Fera” (1946), de Jean Cocteau.

Mesmo para os fãs do colorido e das músicas de “A Bela e a Fera”, da Disney, não fica faltando cor nem história nem nada no de Cocteau. Em preto-e-branco, eu diria, a história tão conhecida fica cheia de contornos poéticos, com uma fera interpretada por Jean Marais, já íntimo de quem gosta do cinema que é bom demais para ser verdade por “Pele de Asno” (1970), de Jacques Demy.

A delicadeza que a atriz Josette Day imprime à Bela é ótima, mas Jean Marais está espetacular. Consegue fazer com que a gente – exatamente como a Bela – vá mudando de sentimento em relação à Fera. O que parece tão assustador é, na verdade, um bicho ferido com ânsias de se defender. Mas então a história segue (nenhuma pára) só para provar que a Bela de carne e osso de Cocteau acreditava naquela frase dele mesmo: “Não sabendo que era impossível, ele foi lá e fez”. De repente, a história não precisava ser desenho animado para existir: podia ser com gente parecendo gente também. E como Cocteau é convincente!

Os figurinos são maravilhosos (assim mesmo) e os efeitos especiais são bonitos, ainda que não cheios de recursos como é possível hoje em dia. Talvez a graça esteja exatamente aí: Cocteau mostra que é possível aproximar o conto de fadas da vida real. Só vendo para crer.

6 comentários:

cinemadicto disse...

oi Mariana. muito obrigado pelos elogios ao blog ... fico feliz em saber q vc gostou. partindo de alguém q ama os filmes e a música e ainda aprecia uma boa cozinha, sinto-me honrado rsss. top five bem semelhante ao meu. obrigado tb pelo link, o seu ja esta la tb.

beijos

cinemadicto disse...

esqueci de dizer q vc me deixou muito curioso para assistir "Romance" rsss.

bjoss

Escrevendoespanando.blogspot disse...

Olha nem dá pra discutir contigo. Tu colocas realtos de filmes muitos antigos... Estudas cinema?
ica meu protesto em querer me aproximar de uma pessoa que parece ser tão legal, mas que foge aos nossos filmes dos nossos tempos ou que estamos preguiçosamente acustamados em ver sem se preocupar em pesquisar as "pérolas" cinematográficas.
Parabéns a você por ter essa veia antiquária, sou fã de seu blog!

cinemadicto disse...

tb adoro essa dobradinha Mari ... e como vc bem disse, separada tb é ótima rss. agora só não curti muito "Sweeney Todd",acho musical um gênero complicado, e ninguém merece Johnny Depp cantando hehehe.mas o figurino, os cenários, todos os detalhes do cinema de Burton encantam por si só. vc viu? gostou?

bjos

Anônimo disse...

Oi, Te conheço de vista pelos corredores da jorge amado, e agora tive a oportunidade de ver seu blog. Muito legal, parabéns.

Ademar de Queiroz (Demas) disse...

Mariana,
vim retribuir a visita e conhecer seu espaço. E como além de música, adoro filmes, já fiquei fã. Voltarei outras vezes, com certeza.
Abração

PS: Além do "Buarqueando", tenho um outro blog, o Cine Dema(i)s, onde falo sobre cinema. Se bem, que os dois andam meio abandonados, rsrs.