Hesitei bastante em começar a ler o livrinho, que ficou por um tempo tomando poeira até que eu tivesse coragem. Depois que vi o filme e o achei bastante doloroso, embora bem bonitinho, fiquei entre a curiosidade e o medo do que o livro faria. Eis que um dia, ao escolher o livro que iria comigo ao Rio de Janeiro, escolhi “Peixe grande”. Não me arrependi.
O que Tim Burton fez ao transpor o livro para as telas é exatamente o que se espera quando se lê o livro: cores fortes, alegria até mesmo nas horas tristes. Nada tão estourado como Almodóvar: apenas colorido o suficiente para ficar da cor do sonho da gente. A história não tem grandes complexidades: um pai vive de um jeito mágico no qual o filho insiste em não acreditar. Não foi Tolstoi quem disse que há quem passe pelo bosque e só veja lenha para a fogueira?
A parte mais linda coincide no filme e no livro: quando o tempo pára na hora em que o amor aparece na história. Todas as coisas ficam igualmente suspensas e dotadas de uma mágica desconhecida até então. Tanta fantasia no livro esconde apenas o que ele revela de real: como a gente foge do que parece bom demais para ser verdade. Será que o muito bom é assim mesmo, tão insuportável? E fiquei com saudade quando o livro terminou.
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