domingo, 20 de julho de 2008

Peixe grande e a história de todo (ou quase todo) mundo

De uma forma ou de outra, Anaïs Nin deve ter inspirado Daniel Wallace quando ele pensou em escrever “Peixe grande”. Anaïs sempre preferia intensidade à vida morna e, de alguma forma, é isso que o livro diz. Histórias fantásticas e segredos que ficam guardados simplesmente porque são as coisas mais óbvias as mais difíceis de serem ditas.

Hesitei bastante em começar a ler o livrinho, que ficou por um tempo tomando poeira até que eu tivesse coragem. Depois que vi o filme e o achei bastante doloroso, embora bem bonitinho, fiquei entre a curiosidade e o medo do que o livro faria. Eis que um dia, ao escolher o livro que iria comigo ao Rio de Janeiro, escolhi “Peixe grande”. Não me arrependi.

O que Tim Burton fez ao transpor o livro para as telas é exatamente o que se espera quando se lê o livro: cores fortes, alegria até mesmo nas horas tristes. Nada tão estourado como Almodóvar: apenas colorido o suficiente para ficar da cor do sonho da gente. A história não tem grandes complexidades: um pai vive de um jeito mágico no qual o filho insiste em não acreditar. Não foi Tolstoi quem disse que há quem passe pelo bosque e só veja lenha para a fogueira?


A parte mais linda coincide no filme e no livro: quando o tempo pára na hora em que o amor aparece na história. Todas as coisas ficam igualmente suspensas e dotadas de uma mágica desconhecida até então. Tanta fantasia no livro esconde apenas o que ele revela de real: como a gente foge do que parece bom demais para ser verdade. Será que o muito bom é assim mesmo, tão insuportável? E fiquei com saudade quando o livro terminou.


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