sábado, 23 de junho de 2012

"O Gosto do Cloro" e do amor



"Sometimes" - como diz um amigo meu- , a vida tem dessas coisas. Sem nenhuma intimidade com o universo das piscinas e da natação, o protagonista se vê impelido a nadar por conta de uma dor nas costas. Vai. E lá fica a contragosto até encontrar uma garota. Mas não é assim mesmo que o mundo parece depois, cheio de graça? É aos poucos que vai acontecendo. A piscina enorme que parece absolutamente infinita diante da pequenez do corpo dele, tão frágil e inseguro. Ela, por sua vez, boa nadadora, sabe como dar braçadas precisas.

É enquanto conversam sobre o nado que vão chegando perto um do outro: ela ensinando, ele aprendendo. E vão ficando. O teto alto da piscina coberta, os anônimos que também nadam nela, tudo é solidão. É preciso se enfrentar para crescer - é o que a água azul da piscina diz a ele. Ela é quem o leva, e ele vai, sem escolha diante do amor.

Não é cinema, é HQ, mas tem tudo a ver. Bastien Vivès (o autor) sabe transpor para seus quadrinhos os silêncios das horas, o tempo demorando de passar, a sensação de ficar sem ar. E é sufocado e um pouco sem entender que o protagonista enfim cresce. Mas não é assim mesmo na vida real?

"O Gosto do Cloro"
Bastien Vivès
editora Barba Negra
144 páginas
R$ 49,90

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