sábado, 21 de julho de 2007

"Eu sei que vou te amar" e o retrato de todos nós



Sempre tive um certo preconceito com Arnaldo Jabor, fosse por seus comentários sobre política na TV ou por ter lido seu “A invasão das salsichas gigantes”, do qual não gostei. Mesmo assim, respirei fundo e comecei a ler “Eu sei que vou te amar”, de 1987, indicado por uma amiga que o tem como livro favorito.


Foi assim que aconteceu. De leitura fácil, o livro homônimo à canção de Vinícius e Tom me surpreendeu. Mostra um reencontro entre dois ex-amantes e todo o tormento pelo qual eles passam na reaproximação. A distância entre o que é sentido e o que é dito, o desejo ainda pulsante, o orgulho ferido e a dor de ainda amar quando se deve odiar. Ou o “ódio-amor”, como Hilda Hilst fala em um de seus poemas. Os dois paralisados pelo medo, e apavorados em ter consciência do que ainda sentem. E cada página passa mais rápido do que se deseja, podia ser um livro que continuasse eternamente e estaria tudo bem. Talvez até seja um desses que não acaba quando enfim o fechamos, que continua na realidade da vida da gente. Porque os dois ex-amantes caminham lado a lado pelas ruas da cidade, entre quatro paredes, na festa da vizinha ou no maior festival de rock de Recife, tanto faz. A verdade é que somos cada um deles, porque também somos “ex” alguma coisa e queremos dizer mas calamos. E todos nós já estivemos (ou estamos) dentro desse fragmento do livro:

“...Quando você entra muda tudo, a casa fica diferente, as cadeiras se movem, os vasos de rosa voam no ar, as mesas rodam, rodam e eu começo a perder o controle da minha solidão; sozinho eu me seguro, mas você chega e eu danço, pois você sabe de mil truques para me jogar no abismo...”



Isso é todo mundo, eu acho. Para completar, ainda tem o filme, dirigido pelo próprio Arnaldo Jabor em 1986. O livro foi publicado no ano seguinte e tem na capa a foto do casal protagonista do filme (no caso, Fernanda Torres e Thales Pan Chacon). Deve ser difícil encontrá-lo à essa altura, mas vale a pena.

Um comentário:

Anônimo disse...

Oie, acabei de assistir o filme...
Faz nos lembrar para que servimos e nosso objetivo para gente grande.
Fez me lembrar também desse blog e consequentemente de você.