Oswald de Andrade eu sempre vi como um daqueles caras talentosos e incompreendidos dos quais, apesar dessas duas ótimas razões para gostar, eu nunca gostei. Tinha lido “Pau Brasil” e ainda lembro do livro com alguma impaciência: é bom pelo impacto que causa. Mas é isso.
Numa livraria em que não tinha nada melhor para comprar, peguei “Memórias sentimentais de João Miramar” e comprei. É uma boa prova de que impulsos consumistas valem a pena: o livro é muito bom. Todo o livro em capítulos mínimos, alguns ousados com uma frase só, como o intitulado “Natal”, que se resume a “Minha sogra ficou avó”. Mas tudo de uma doçura e uma seriedade minimalista que me fez desejar que o livro demorasse mais. E quando acabou, confesso que fiquei querendo mais Oswald em minha vida.
São memórias. E esses dias, ouvi um cara falando na rádio que a gente é memória. Nisso, ao que parece, eu, o homem da voz e Oswald concordamos, do início ao fim do livro: desde a infância até a hora em que a vida da gente passa a ser o que a gente já viveu.
2 comentários:
Adorei passar por aqui.
Salvou minha noite... vou sonhar diferente,rs
beijo
Prezada Mariana,
Você conhece Miramar, do Julio Bressane?
Se você gostou do livro do Oswald, talvez aprecie o cinema rigoroso de Bressane.
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