Ninguém venha me dizer que arte não vem do artista, ninguém venha com conversinha de distância entre sujeito e objeto. A verdade (se é que há uma, e se é que ela é minha) é que todo mundo se põe nas coisas. E até mesmo os rodados da geração beatnik vão nesse caminho. Eu podia citar James Cain, o meu preferido, mas ainda não. Vou começar por Kerouac.
Famoso pelo seu “On the Road”, Kerouac pra mim tem cheiro de ex namorado. Deve ser por isso que eu demorei tanto de encostar num livro dele, tendo pelo menos uns três na estante. Enfim...comecei por “Tristessa”. A história é: Jack, o poeta protagonista do livro se apaixona por uma viciada em morfina. Não bastasse a semelhança do nome, ainda tem historinha na contracapa do livro: em 1955, Keroauc se apaixonou por uma prostituta chamada Esperanza. Pronto. Não preciso dizer mais nada sobre o autor se pôr dentro da obra.
Tem mais constatação: até os beatniks amam. E não amam pouco: amam até as últimas conseqüências, do jeito que o amor vier. E é um livro tão cheio de entrega do meio pro final que até o início meio chatinho vale a pena. Exatamente como o amor, só que ao contrário: é o final que é bom, muito bom. Jack se entristece ao ver a mulher amada indo embora desde o começo (que nem aquele verso de Cecília Meireles sobre a avó: “Tu eras uma ausência que se demorava, uma despedida sempre pronta a cumprir-se”), e o amor evoluindo, só indo em frente, independente do que acontecesse. Ou seja: até quem não tem perspectiva tem amor. Não é mesmo, Jack?
Famoso pelo seu “On the Road”, Kerouac pra mim tem cheiro de ex namorado. Deve ser por isso que eu demorei tanto de encostar num livro dele, tendo pelo menos uns três na estante. Enfim...comecei por “Tristessa”. A história é: Jack, o poeta protagonista do livro se apaixona por uma viciada em morfina. Não bastasse a semelhança do nome, ainda tem historinha na contracapa do livro: em 1955, Keroauc se apaixonou por uma prostituta chamada Esperanza. Pronto. Não preciso dizer mais nada sobre o autor se pôr dentro da obra.
Tem mais constatação: até os beatniks amam. E não amam pouco: amam até as últimas conseqüências, do jeito que o amor vier. E é um livro tão cheio de entrega do meio pro final que até o início meio chatinho vale a pena. Exatamente como o amor, só que ao contrário: é o final que é bom, muito bom. Jack se entristece ao ver a mulher amada indo embora desde o começo (que nem aquele verso de Cecília Meireles sobre a avó: “Tu eras uma ausência que se demorava, uma despedida sempre pronta a cumprir-se”), e o amor evoluindo, só indo em frente, independente do que acontecesse. Ou seja: até quem não tem perspectiva tem amor. Não é mesmo, Jack?
Vou acender velas para a Madona, vou pintar a Madona, e comer sorvete, anfetamina e pão – “Maconha com carne de porco”, como disse Bhikku Booboo – Vou para o sul da Sicília no inverno e pintar lembranças de Arles – Vou comprar um piano e me mozartear – vou escrever histórias tristes e compridas sobre pessoas na lenda da minha vida – Este é meu papel no filme, vamos ouvir o seu.
Poucas vezes vi alguém terminar um livro assim, tão bem.
Um comentário:
Eu só li o On the Road...
Mas concordo com vc. Todo artista coloca um pouco de si na obra, em maior ou menor grau. Vc já deve ter notado nos (ainda poucos) textos meus que te passei. Mesmo se eu fosse escrever sobre astrologia da babilônia antiga, ia buscar os meus sentimentos para "dar vida" ao texto.
Como Sauron, que colocou sua própria essência em jogo para forjar o Um Anel! ;)
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