segunda-feira, 23 de julho de 2007

Britney Spears e o direito de errar

Vamos supor: você é menina, começa inocente e depois vira uma mulher sexy, posa de certinha ao casar e depois descobre que não era bem isso que você queria. Ou pior: se envolve com o homem errado. Não sabe sentar direito com saia minúscula, arranja amizades não-aconselháveis. Agora vamos convir: quem já não fez pelo menos meia dúzia de bobagens desse tipo?

Eu? Você? Nada disso, ninguém se salva. Nem mesmo Britney, que usava aquele penteado terrível de duas xuxinhas no clipe em que canta aquele refrão insuperável em sua carreira (Hit me, baby, one more time). Posava de Sandy e todo mundo gostava dela. Depois apareceu de macacão justíssimo atacando passageiros inocentes em Toxic e tudo mudou. Claro. Todo mundo que cantava música fofinha já tinha passado. Ela TINHA que inovar. Basta pensar nos bonitinhos do Savage Garden. Não duraram.

Daí pronto: aconteceu que ela arranjou homens errados. Que nem Galisteu, que tem dedinho podre. Você sabe o paradeiro do Kevin Federline? Não. Nem eu. Isso porque ele saiu de bom na história. Tá, Brit nunca combinou as roupas direito. Sempre usou boina. Mas piorou sensivelmente depois, enfiou o pé na jaca com Paris (ela mesma, Hilton), raspou a cabeça, foi pra porta da casa do ex dar vexame, etc, etc, etc. O fato é que eu tenho pena dela. Muita. O coração dela foi partido, gente. E a imprensa e o mundo inteiro caem matando, a coitadinha tenta recomeçar gravando um novo clipe e tudo o que comentam é que ela tá cheia de celulite.

I´m on your side, Brit. Quem nunca teve o coração partido, que atire a primeira pedra.

sábado, 21 de julho de 2007

"Eu sei que vou te amar" e o retrato de todos nós



Sempre tive um certo preconceito com Arnaldo Jabor, fosse por seus comentários sobre política na TV ou por ter lido seu “A invasão das salsichas gigantes”, do qual não gostei. Mesmo assim, respirei fundo e comecei a ler “Eu sei que vou te amar”, de 1987, indicado por uma amiga que o tem como livro favorito.


Foi assim que aconteceu. De leitura fácil, o livro homônimo à canção de Vinícius e Tom me surpreendeu. Mostra um reencontro entre dois ex-amantes e todo o tormento pelo qual eles passam na reaproximação. A distância entre o que é sentido e o que é dito, o desejo ainda pulsante, o orgulho ferido e a dor de ainda amar quando se deve odiar. Ou o “ódio-amor”, como Hilda Hilst fala em um de seus poemas. Os dois paralisados pelo medo, e apavorados em ter consciência do que ainda sentem. E cada página passa mais rápido do que se deseja, podia ser um livro que continuasse eternamente e estaria tudo bem. Talvez até seja um desses que não acaba quando enfim o fechamos, que continua na realidade da vida da gente. Porque os dois ex-amantes caminham lado a lado pelas ruas da cidade, entre quatro paredes, na festa da vizinha ou no maior festival de rock de Recife, tanto faz. A verdade é que somos cada um deles, porque também somos “ex” alguma coisa e queremos dizer mas calamos. E todos nós já estivemos (ou estamos) dentro desse fragmento do livro:

“...Quando você entra muda tudo, a casa fica diferente, as cadeiras se movem, os vasos de rosa voam no ar, as mesas rodam, rodam e eu começo a perder o controle da minha solidão; sozinho eu me seguro, mas você chega e eu danço, pois você sabe de mil truques para me jogar no abismo...”



Isso é todo mundo, eu acho. Para completar, ainda tem o filme, dirigido pelo próprio Arnaldo Jabor em 1986. O livro foi publicado no ano seguinte e tem na capa a foto do casal protagonista do filme (no caso, Fernanda Torres e Thales Pan Chacon). Deve ser difícil encontrá-lo à essa altura, mas vale a pena.

Do por quê

Para falar do que me inspira, do que eu gosto, do que não gosto, do sentido que faz ou do incômodo que causa.