O cinema deve sempre estar à serviço das não-coincidências que a gente não costuma perceber. Ainda não entendi por que essa coisa de gente mascarada nos filmes sempre me derrete o coração. Daí que V de Vingança(2006) podia ser um filme violento, cheio de vingança e sangue, mas não: é um filme de amor. Não seria um Fantasma da Ópera modernoso?
O fato é que eu sou público-alvo do povo que segue à risca a narrativa de Griffith. Eu gosto do linear. Não torço o nariz pros clichês e, sendo assim, V de Vingança não fica devendo nada a ninguém: a fotografia é bonita, toca Cry me a river na versão de Julie London duas vezes (e em dois momentos ótimos), isso tudo sem falar em V que é tão cheio de complexidades e, no fundo, tão simples. Vai ver que eu ando mesmo sentimental.
Natalie Portman, mais uma vez, dá um show. A história futurista funciona sem ser fantasiosa demais, o roteiro é interessante e o filme prende a atenção. Tem também a vantagem de ser “adaptação” dos quadrinhos, o que é uma coisa que gosto bastante. Alguns questionamentos que podem ser feitos e ficam sem uma resposta convincente são: por que o governo deixou de caçar Evey depois que ela sai pela segunda vez da casa de V? Para onde ela vai, se a casa dela estava sendo vigiada pelo governo? Onde ela arranja os documentos falsos e com quem?
No fim, isso nem importa tanto: é mesmo bonitinha a história dela com V. Isso sem falar na metalinguagem ótima estabelecida com O conde de Monte Cristo, outro filme igualmente genial dentro da mesma temática. E ainda tem uma comparação entre V e Edmond Dantes (protagonista do segundo filme) que vale muito. O texto original é de Alan Moore (!), a adaptação é dos irmãos Andy e Larry Wachowski (os mesmos de Matrix – as cenas de luta em slow motion não me deixam mentir) e a direção é de James McTeigue.
3 comentários:
A máscara ajuda a gente a se identificar com o personagem sem rosto. Mas, acho que, com o andar do filme, a gente acaba mesmo é se identificando com a Evey na sua jornada de apredizado.
Acho o "V de Vingança" um dos melhores filmes do circuito comercial produzido nos últimos anos. Logicamente, considerando a sua temática.
Outra característica dos irmãos Andy e Larry Wachowski, sem dúvida, é o conteúdo filosófico apresentado em suas obras. Este filme, assim como a trilogia "Matrix", não é uma narrativa vazia, diferentemente da maioria dos títulos de ficção do cinema americano.
Mais: concordo que a omissão de alguns detalhes não estragaram a narrativa, já que o filme cumpri o seu compromisso com a verossimilhaça, obedece a sua coesão interna.
Parabéns pelo texto!
Caso não se importe, colocarei um link de seu blog em minha página (imprensamarginal.blogspot.com).
Eu acho esse filme incrível. Desde que assisti fiquei com ele na cabeça... E sim, adorei a comparação ao dizer que poderia ser um Fantasma da Ópera mordenoso! Cadê você aqui em Londres para ir a todos os musicais comigo? :)
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