“Um dia, ele chegou tão diferente do seu jeito de sempre chegar...”. Se há amor no mundo, deve ser mesmo assim, capaz de fazer enxergar coisas encantadas onde sempre se olhou e não se viu nada. Capaz de tornar o ordinário
O personagem central, depois de pressionado pela amante a afogar a esposa, desiste. Aí é que a trama toda se desenrola, e ele redescobre o amor. Um enredo simples, em que o tormento do personagem só termina quando as coisas voltam a ser exatamente como eram no começo. Só que ele e a esposa se tornaram encantados.
Não bastasse a ternura que só um romance mudo pode trazer ao cinema, o nome do filme (em inglês, “Sunrise – a song of two humans”) diz muito do que ele mostra. Eu diria que nunca o expressionismo alemão foi tão doce.
Então “Aurora” é isso: esperar até que o dia amanheça e as coisas voltem ao seu lugar, sempre melhores que antes. E no fim, não seria exagerado (mas talvez redundante, assumo) se tocasse o fim de “Valsinha”: “(...) E o mundo compreendeu/ E o dia amanheceu/Em paz”.
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