Sou suspeita para falar do livro porque gosto muito do filme. A diferença, dessa vez, é que fiz o inverso do que costumo fazer: geralmente leio o livro e só então vejo o filme. Posso citar uma infinidade de vezes em que fiz isso e o filme, salvo raríssimas exceções (como “Morte em Veneza”, de Thomas Mann, filmado por Luchino Visconti), se iguala ao filme. Acho complicado superar, mas esta é só minha modesta opinião.
Daí que o filme é completamente ajustado ao livro. A mesma atmosfera onírica, a mesma cor de memória, o mesmo jeito delicado de esperar que a história se desenrole, pacientemente. Gosto disso. Às vezes, o cinema se traduz numa pressa do final que estraga tudo. No livro e no filme de “Virgens suicidas”, não: tanto Jeffrey Eugenides quando Sofia Coppola têm claramente o propósito de criar um ápice durante o desenrolar da trama, mesmo sem esconder, desde o início (eu diria, desde o título), o desfecho. Ou seja: o maior trabalho dos dois é trabalhar lindamente o meio da história, é isso, talvez o maior trunfo de todos seja diminuir a relevância do início e do fim, caprichando no “durante”. Pouco importa como se nasce ou como se morre, o importante mesmo é como se vive.