Acontece sempre por aí: a fantasia, uma hora – de preferência, uma bem imprevista -, invade a realidade. Pula a tela e vem pro mundo da gente. Em “A rosa púrpura do Cairo”(1985), Woody Allen desbanca simplesmente todo o resto de filmes que foram feitos antes e depois por uma razão simples, bem simples: pra mostrar a verdade do amor.
Cecilia é uma garçonete que vive no limite da infelicidade. A vida só fica mais leve naqueles instantes em que senta na sala de cinema e sonha com o galã do filme. Como nem tudo é dia de chuva, a sorte lhe sorri. O galã pula a tela e nós, atônitos, acreditamos, mesmo sem querer acreditar. Ele pulou. E agora vão percorrer parques de diversão, lanchonetes, restaurantes, para espalhar o amor pela cidade inteira.
Vem o ator que interpreta o personagem oferecer-lhe Hollywood. Vem o marido pedir-lhe perdão. Cecilia hesita em sair do sonho. Pode viver outro novinho em folha. Pode voltar pro pesadelo.
Woody Allen já disse que esse era seu filme preferido. Se eu tivesse feito, seria o meu também. “A rosa púrpura do Cairo” é destino, muito mais que escolha.
quinta-feira, 4 de março de 2010
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