quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Lisbela.

“A graça não é saber o que acontece. É saber como acontece. Quando acontece.” Com uma frase dessas, não tinha como o filme ser ruim. E eu decidi revisitá-lo tanto tempo depois só porque “Lisbela e o prisioneiro” (2003) não pode passar em branco.

Com sotaques graciosos e cenários bem coloridos, típicos dos filmes de Guel Arraes,”Lisbela e o prisioneiro” tem tudo de bom. A trilha sonora é perfeita, e vai de Elza Soares cantando “Espumas ao vento” até Los Hermanos na indefectível canção “Lisbela” (“Eu quero a sina de um artista de cinema/ eu quero a cena onde eu possa brilhar / um brilho intenso, um desejo, eu quero um beijo/ um beijo imenso onde eu possa me afogar”). A fotografia. O elenco. Análises à parte, o que o filme tem de melhor mesmo é esperança.

Lisbela aceita mudar todos os planos – casamento marcado, noivo direitinho – pela novidade: Leléu, um sem-pouso. E por que não? Se não é na vida que pode tudo, onde mais vai poder? Então Guel Arraes faz do jeitinho que todo mundo espera do outro lado da tela, sem ter nada de errado nisso. Deixa o espectador satisfeito. Todo mundo vai pra casa feliz e esperançoso de que, um dia, como fez Woody Allen em “A rosa púrpura do Cairo”, a fantasia pule da tela e mude a realidade.