quarta-feira, 11 de novembro de 2009

“Melinda e Melinda” e o jeito de ver

Tudo é questão de perspectiva. Woody Allen leva a afirmação a sério (na verdade, a sério e a bem-humorado) em “Melinda e Melinda” ( 2005). Uma mulher aparece de surpresa em meio a um jantar: esse é o mote para que dois escritores criem histórias distintas, uma tragédia e uma comédia.

Sendo assim, Melinda está presente nas duas histórias, assim como os mesmos cenários e personagens. Tudo dividido desde o início do filme que, na verdade, são três: a conversa agradável dos escritores sobre como cada um construiria sua história, a tragédia da Melinda problemática e a comédia da Melinda encantadoramente desleixada.

É claro que não falta aquele clima que só Woody Allen sabe criar, com contornos cômicos que fazem lembrar “Todos dizem eu te amo” (1996) e trágicos que remetem a “Interiores” (1978). Em “Melinda e Melinda”, estão presentes também as agradáveis e habituais trilhas sonoras, além de atores como Will Ferrel e Chloë Sevigny.

A graça mesmo, além da maestria de Allen na metalinguagem, está na capacidade de transformação da mesma história em comédia ou drama, dependendo apenas da escolha de quem vê. E a vida não é assim mesmo, afinal?