sexta-feira, 12 de outubro de 2007

“As Bruxas de Salem” ou a culpa nossa de cada dia

Culpa: todo mundo tem a sua. Pensei bastante nisso durante as quase três horas em que estive sentada na terceira fila do teatro Martins Gonçalves, assistindo “As Bruxas de Salem”. Mais que uma discussão sobre caráter, ali estava um tratado sobre a culpa. Quase todos os personagens apresentados tinham a sua: um tinha a de ter cometido adultério; sua esposa, a de ser fria; o reverendo, de ter acusado um homem inocente. E Abigail, entendida como vilã, não sentia nada. Nem culpa, que era a verdadeira grande bandida da história.

Por conta disso, todos os personagens sofrem, do início ao fim da trama. Pessoas acusam-se de bruxaria ou de contato com o diabo para não serem enforcadas. E aquelas que entre confessar o que não fizeram ou defender sua honra escolhem a segunda opção, terminam por antecipar sua jornada na terra. O texto é um clássico de Arthur Miller, mas há sempre algo para inovar: é isso que nos mostra Harildo Déda, sempre talentoso, diretor da peça. E em cima do palco estão também “novos” atores que chegam (embora já estejam aí trabalhando bem há tanto tempo) no teatro baiano, trabalhando com unidade. É uma apresentação que marca a formatura do grupo, e, se o diploma dependesse daquelas horas, estariam todos aprovados, sem sombra de dúvidas.

* “As Bruxas de Salem” está em cartaz no Teatro Martins Gonçalves, no Canela, com direção de Harildo Déda. Nos dias 2,3,4, 8, 9,10,11 e 15 de outubro, às 20h. O espetáculo é gratuito e as senhas são entregues às 19h30.